João Lourenço e a Profanação da Bíblia em Nome dos 50 Anos de Propaganda Estatal
A imagem capturada no Estádio da Cidadela neste domingo, mostrando o Presidente da República, João Lourenço, e a Primeira-Dama exibindo Bíblias timbradas com o emblema comemorativo dos 50 anos da Independência Nacional, é mais do que um erro protocolar: é uma vergonha.
Trata-se de um ato que mistura de forma ostensiva a propaganda política estatal com a fé e a religião, num flagrante desrespeito ao regime laico da República de Angola.
A Laicidade da República Desrespeitada
O Estado angolano é laico.
Este princípio constitucional estabelece uma separação clara entre a esfera governamental e as instituições religiosas, garantindo a liberdade de culto e impedindo que o Estado utilize a religião para fins políticos.
O ato de usar a máxima simbologia de fé — a Bíblia — para ostentar o timbre da comemoração de Estado não apenas viola este princípio fundamental como expõe a religião à instrumentalização política.
Ao colocar a marca dos 50 anos da Independência na capa da Bíblia, o Presidente João Lourenço parece buscar uma legitimação divina para a agenda política do Estado.
Este é um ato inédito e, possivelmente, o primeiro caso registado de um Chefe de Estado a recorrer a uma tática de propaganda tão controversa.
É de se perguntar: Haja Limite!.
Indignação e Repúdio: Onde Estão as Entidades Religiosas?
A participação do Chefe de Estado em um culto ecuménico, como o realizado, é aceitável dentro de um contexto de respeito institucional.
No entanto, o desfile público com o Livro Sagrado timbrado transformou o evento de fé em um palanque de propaganda.
O Midiã News Grupos junta-se à indignação da população e questiona a passividade das principais entidades religiosas:
À Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST): Por que não houve um repúdio imediato a este ato que manipula a fé católica e cristã para fins políticos?
Aos Conselhos de Igrejas Evangélicas:
A união da cruz com o símbolo estatal não gera preocupações sobre o futuro da liberdade e da independência das igrejas em Angola?
Exigimos uma intervenção imediata e pública das autoridades religiosas para condenar este ato e reafirmar a total separação entre o púlpito e o palácio.
A Bíblia não é um panfleto do MPLA, e a fé dos angolanos não é ferramenta de propaganda estatal.
