O PARISENSE DA POLÍTICA
LUANDA. Disciplina Partidária e Congresso. Hoje, 23 de Novembro de 2025
O maior partido da oposição em Angola, a UNITA, aplicou suspensões a dois dos seus quadros mais influentes – incluindo um deputado – por terem tecido críticas à direção nas redes sociais, num ato que sublinha a tensão pré-congressual. A decisão surge dias após o MPLA ter também expulsado um militante.
Os Visados: Críticas e Quebra de Lealdade
A estrutura disciplinar da UNITA visou, em primeiro lugar, Domingos Eduardo Palanga, deputado, sindicalista e mandatário do candidato Rafael Massanga Savimbi em Luanda. Palanga é acusado de ter concedido uma entrevista que o partido considerou atentatória à honra de dirigentes e prejudicial à imagem da organização.
A suspensão visa permitir que Palanga seja ouvido sobre declarações que, no entender da direção, "ultrapassaram os limites da crítica interna e configuram uma quebra de lealdade partidária".
A mesma deliberação do Conselho Nacional de Jurisdição e Auditoria suspendeu António Marques, antigo candidato a Secretário da JURA e também apoiante de Massanga. Marques é acusado de violar a ética partidária ao divulgar críticas "graves" nas redes sociais, expondo assuntos internos num momento politicamente delicado para a UNITA.
Tensão e O Dilema do Controlo do Discurso
As suspensões ocorrem num período crucial, quando o partido se prepara para um Congresso que irá disputar a liderança entre diferentes sensibilidades. A direção da UNITA procura, com estas medidas, transmitir uma imagem de unidade e rigor, mas as ações disciplinares evidenciam disputas internas profundas.
O Paradoxo da Oposição
Para analistas políticos, a reação do partido demonstra a tentativa de controlar o discurso público e evitar ruídos que fragilizem a sua posição, sobretudo perante as expectativas que os angolanos depositam na UNITA. Palanga havia alertado recentemente para a necessidade de o partido focar-se em "ideias e programas, e não em pessoas", no processo de escolha do futuro líder.
A decisão de suspender militantes por declarações públicas pode, no entanto, gerar fricções e projetar uma imagem de falta de diálogo na organização. No contexto da expulsão recente de Waldir Cônigo pelo MPLA, os partidos angolanos demonstram uma tentativa crescente de apertar a disciplina interna às vésperas de momentos decisivos.
Fonte: O Decreto.

